sexta-feira, 13 de junho de 2014

O dinheiro era a terra!


O eng. Rui Manuel Mesquita Mendes foi orador das Conversas à Quinta de junho, sobre as "Quintas da Vila Nova de Caparica". 
O orador começou por enquadrar a toponímia da localidade, com base na cartografia, algo escassa até 1813, e na documentação. 


O Convento da Rosa estabelecido em 1410, um dos mais antigos e monumentais do concelho de Almada, hoje totalmente desaparecido, terá sido o primeiro motivo para aglomeração local  em Vila Nova. Nesta povoação envolvente do Convento da Rosa terá surgido, em 1607, a mais antiga associação de Vila Nova, a Confraria de Sta Luzia. Esta confraria, baseada na Vara do Funchal (hoje designada de Vila Nova) manteve-se por duzentos anos.


A primeira referência a Vila Nova (de Baixo e de Cima) está documentada no ano de 1660. Por essa altura, a documentação apresenta também outra designação a "Aldeia de Pouca Farinha", devido à escassez de seriais nesta zona, talvez devido à guerra. 


Noutro extremo de Vila Nova  foi contruído um segundo convento em 1558, o Convento dos Capuchos, pelos Távoras. Esta edificação terá sido a razão para melhoramento ou construção de um caminho a ligar o Convento à estrada da Adiça, na zona do Areeiro.

A história das Quintas na zona de Vila Nova é de uma grande riqueza. Aqui vamo-nos a limitar a enumerar algumas das quintas de que se falou:
  • Quinta da Estrelinha (antes chamada de Quinta da Nª Srª da Conceição, Quinta do Padre Justo ou Quinta do Funchal)
  • Quinta de S. Mácário
  • Quinta de S. Francisco dos Matos (onde funcionou a escola da Dª Maria Amélia)
  • Quinta de Nicolas
  • Quinta da Romeira
  • Quinta dos Pilotos
  • Quinta do Chaves
  • Quinta do Cebolal
  • Quinta do Funchal
  • Quinta da Aldeia
  • Quinta do Robalo
  • Quinta de Baixo
A maioria destas quintas pagavam rendas e foros ao Convento da Rosa. E isso justifica a grande riqueza de informação de produção e exploração agrícula destas terras. Nesses tempos, o dinheiro era a terra, o que justifica o cuidadoso registo de proprietários, e produções agrículas.

O Rui Mendes foi um orador cativante, que com mestria nos arrastou numa riqueza de pormenores, datas, nomes e histórias pistorecas. 

Tivemos a participação de mais de uma dúzia de amigos, entre os quais o Dr. Carlos Barradas Leal, que irá publicar muito em breve uma obra sobre a história da Trafaria.

Para iniciar esta Conversa tivemos o Afonso Dias a tocar uma peça de Handel.

Foram duas horas bem passadas num grupo de amigos, que resistiram ao futebol mundial. 

Na próxima Conversa à Quinta, dia 10 de julho, teremos o Prof. Dr. José Paulo Santos, Presidente do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a falarnos sobre o Terramoto de Lisboa de 1755.