domingo, 23 de fevereiro de 2014

"Desce daí ó Marquês, que eles já cá estão outra vez!”

A primeira Conversa à Quinta ... com Café | CPC
Na presença de cerca de vinte amigos, na sua maioria de Vila Nova de Caparica, iniciaram-se as tertúlias mensais do Clube Peões da Caparica, as Conversas à Quinta… com café (CQC).

O programa da primeira CQC tinha uma surpresa - duas peças musicais brilhantemente interpretada pelo jovem saxofonista Vicente Rato.

Num ambiente familiar o Dr. António Júlio Trigueiros, fantástico orador, fez-nos viajar pela história dos jesuítas em Portugal e no mundo. Citando o livro Gonzaga de Azevedo, Proscritos, começou por fazer a descrição da Quinta do Vale Rosal, em 1910 (que abaixo parcialmente transcrevemos), considerada casa de repouso de Jesuítas do Colégio de Campolide (hoje instalações da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa):
“…Val de Rosal fica no concelho e comarca de Almada, freguesia de Caparica do Monte, á banda esquerda do Tejo. O solo é arenoso e pobre para quasi todas as culturas. Os horizontes, sombreados pelo verde-escuro dos pinheiraes, são tristes. Parece haver nelles a solidão dos claustros antigos, repassada de espiritualidade! Sobre a tarde as brisas derramam, pelas encostas saudosas d'aquelles cerros, o eco longínquo das ondas que rebentam nas praias da costa. Hoje aquella região, com justiça chamada a Charneca, está bastante povoada de pequenos casaes, caiados e risonhos, ora cahidos no fundo das pregas dos valles, ora, erguidos sobre o dorso recurvado dos outeiros, como sobre cúpulas de argila.
Entre aquelles casaes, a granja dos jesuítas conservava uma indisputada supremacia, que lhe era conferida pelas avultadas dimensões da casa e mais ainda pelas tradições venerandas que andam ligadas ás suas paredes, ao vizinho cruzeiro de mármore e a todo o seu terreno…”
(pode aceder ao livro no
link).

Falou-nos das agruras da expulsão dos jesuítas em 1910. Aí viajámos no tempo, para recordar que foi desta quinta que partiram para o Brasil os gloriosos 40 mártires; os quais foram chacinados ao largo de Tazacorte, nas Canárias, a 15 de julho de 1570.
Representação parcial dos 40 mártires| Imagem cedida pelo Pe João Caniço, s.j.

Depois de se enveredar pelo que é ser jesuíta, situámo-nos na sua chegada a Portugal. D. João III, informado pelo seu embaixador de Paris, solicita em 1540 à recém-criada, pela mão de Inácio de Loiola e seus 9 companheiros, Companhia de Jesus, 6 dos 10 companheiros. Este grupo religioso, simultaneamente com dimensão educativa no continente europeu e missão missionária no mundo, gera grande número de vocações. Em 1556, 16 anos depois da sua fundação, esta ordem religiosa atingiu 1000 irmãos em Cristo.

Após um curto intervalo para o café, chá e bolinhos, que serviu de alegre momento de convívio entre todos, seguimos para a segunda parte, intitulada: Expulsão, extinção e restauração dos Jesuítas em Portugal e no Mundo.
Dr.º António Júlio Trigueiros, s.j., orador desta CQC| CPC

Viajámos então pelos diversos colégios da Companhia de Jesus em Portugal continental e ilhas, no Brasil, na Índia e na Ásia. Os colégios edificados, ora por favor dos Reis, ora por dotação dos nobres, apresentam quase sempre uma Igreja de fachada principal imponente e marcante nas comunidades onde se inserem. Os jesuítas seguiam o princípio de uma vida austera, com o melhor para Jesus (as Igrejas).

Em Portugal, na segunda metade do sec. XVIII, os Jesuítas possuíam 20 colégios de ensino gratuito, com cerca de 20000 alunos, que envolviam cerca de 1400 irmãos em Cristo. Sendo este o único sistema de ensino acessível ao povo.

A 3 de setembro de 1759, dá-se pela mão do Marquês de Pombal, ministro do Rei D. José, a expulsão dos jesuítas de Portugal. Este controverso processo tem depois réplica pela Europa, terminando, por pressão de vários Reis sobre o papa, com a extinção da Companhia de Jesus a 21 de julho de 1773, por desígnio de Clemente XIV.

Comemora-se este ano, os duzentos anos sob a restauração da Companhia de Jesus que veio a acontecer a 7 de agosto de 1814, por decisão do Papa Pio VII. O regresso da Companhia de Jesus a Portugal só acontece em 1880.

Em Portugal, como sabemos, os jesuítas são novamente expulsos a 5 de outubro de 1910. Aqui, em Vale Rosal, a Quinta dos Jesuítas é queimada, os jesuítas são perseguidos (ver a descrição no livro Proscritos- link). O cruzeiro, oferecido pelo Brasil, existente na Quinta, erigido em memória dos 40 mártires, é derrubado a 5 de outubro. Tinha sido posto a correr entre a populaça que os Jesuítas escondiam na base dessa pedra a sua riqueza (informação de uma das pessoas que estava presente na tertúlia, que teve um familiar envolvido).

Os jesuítas voltam definitivamente para Portugal em 1932, instalando-se inicialmente no Minho e posteriormente, em 1934, vêm para Lisboa.

Por curiosidade, a Estátua do Marquês de Pombal em Lisboa, tinha sido inaugurada em 1933. Conta-se, que os descontentes com o regresso a Lisboa dos membros da Companhia de Jesus, diziam à boca cheia, quando passavam pela estátua “Desce daí ó Marquês, que eles já cá estão outra vez!”.

A próxima Tertúlia, para a qual estão todos convidados, será dinamizada pela Psicóloga Rosário Vasconcelos, a 13 de março, onde será abordado o desenvolvimento da criança.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Dr. António Júlio Trigueiros, sj

 O primeiro orador das “Conversas à Quinta … com café” Dr. António Júlio Trigueiros vem falar sobre as “Histórias dos Jesuítas em Portugal”, dia 20 fev. às 21h00.

O Dr. António Júlio Trigueiros é sacerdote da Companhia de Jesus, historiador, escritor e professor no Colégio S. João de Brito em Lisboa. É Diretor da Biblioteca da Casa de Escritores da Revista BROTERIA e Membro dos Conselhos de Direcção e de Redação desta Revista, desde 2008. É Assistente Religioso e sócio fundador da Associação de Visitadores de Reclusos “FOSTE VISITAR-ME”. É Membro do CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias pertencente à Faculdade de Letras de Lisboa). Entre 2003 e 2006, foi responsável pela Pastoral Universitária, no Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loyola, no Porto.

O Dr. António Júlio Trigueiros nasceu em Barcelos, em 1966. Entrou para a Companhia de Jesus em 1989. Licenciou-se em Filosofia e Humanidades, pela Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica Portuguesa, em 1996.
Na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, tirou o Bacharelato em Teologia, e em 2004 concluiu aí a licenciatura em História Eclesiástica.
Atualmente, é doutorando em História Moderna na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a desenvolver a tese sobre o tema “Os Jesuítas portugueses no exílio no período pombalino e pós-pombalino”.

O Dr. António Júlio Trigueiros é sócio do Instituto Português de Heráldica (desde 1984), da Associação Portuguesa de Genealogia (desde 2007) e do Instituto de Genealogia e Heráldica da Universidade Lusófona Portuguesa (desde 2005).

Proferiu mais de uma vintena de conferências e comunicações sobre os jesuítas e os seus principais mestres, tais como S. João de Brito, S. Francisco Xavier, Eusébio da Veiga e João Ramos Vieira, mas também sobre figuras barcelenses, como D. António Barroso, o Corregedor João Nepomuceno, seu parente e Felgueiras Gayo.

Tem mais de uma dezena de publicações de elevada qualidade, em diversas revistas. E autor de diversos livros.

[Ref.1] http://agenda.barcelos.pt/eventos/201cbrito-limpo-inventor-e-cientista-barcelense201d-conferencia-por-antonio-julio-trigueiros (Consultada a 11 fev. 14)

[Ref.2]http://www.bicentenariosj.com.br/jst/pessoa/temp/anexo/1/8630/13410.pdf (Consultada a 11 fev. 14)

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Corrida ao ar livre - 2 fevereiro

As corridas ao ar livre do CPC começaram hoje, um domingo de inverno solarengo!
Um grupo de 11 aventureiros, entre os 6 e os 50 anos, juntaram-se junto à sede do CPC pelas 9h30. O percurso inicialmente previsto foi ligeiramente alterado, tendo extendido até aos Capuchos, e daí regressando ao ponto de partida. O percurso teve uma extensão de 5,5 km, foi muito agradável para todos. Parabéns ao coordenador, Luís Antunes. Até para a semana, e tragam um amigo.