sábado, 28 de fevereiro de 2015

Ser Voluntário Porquê e para quê?

No dia 26 de Fevereiro, tivemos a nossa Conversa à Quinta com Café. Iniciámos com um momento musical. A Madalena presenteou-nos com duas peças do compositor Shinichi Suzuki, "Alegro" e "Perpetual Motion".


A Drª. Rosa Almeida iniciou a palestra apresentando-nos um filme com testemunhos do que é "Ser Voluntário".

O que significa ser Voluntário?  Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho, talento e afeto de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário.
A abordagem do tema, partindo das questões; para quê e porquê levou-nos a conhecer diversas  motivações do voluntário e consequente "ganhos" dessa ação. Pois apesar de o espírito residir na ajuda ao outro, acaba-se por receber algo em troca (em muitos casos sem esperar).
E porque o trabalho de voluntário é muito meritório, seria injusto a ausência do sentimento de satisfação na procura do bem do outro.
Ficámos voluntariamente mais ricos nesta partilha.
Obrigado Drª. Rosa Almeida
Depois de uma animada conversa, o nosso chá e bolinho, que desta vez foi trazido por duas "voluntárias".


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Ser Voluntário

No Próximo dia 26 de fevereiro, teremos mais uma Conversa à Quinta com Café. A nossa convidada é a Psicóloga Rosa Almeida que nos falará sobre Voluntariado.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A Escola Primária Portuguesa ao Serviço do Estado Novo, pela Dr.ª Paula Pereira

Numa noite chuvosa voltamos a juntar na biblioteca da EB1 de Vila Nova de Caparica, sede do Clube Peões da Caparica, um bom grupo de pessoas para ouvir falar de uma diferente faceta do anterior regime que governou Portugal.
 
                           

As Conversas à Quinta têm começado sempre, com um pequeno momento musical, desta feita inovamos com a presença do Coro Santa Ana. O Coro regido pelo Prof. João Antunes fez uma atuação excelente começando com “Bist du bei mir” de Johann Sebastian Bach, cantou mais duas música que não registamos e terminou com “Ipharadisi”, cântico tradicional da África do Sul. Este coro, que teve uma atuação excelente, é mais um grupo, com sede aqui em Vila Nova de Caparica, aberto a quem tenha gosto por cantar. Muito obrigado Coro Santa Ana pela excelente atuação e longa vida!
 
Iniciada a palestra, a Dr.ª Paula Pereira começou por fazer o enquadramento da Escola Primária no período do Estado Novo. A escola não era neutra mas antes um motor de promoção do projeto ideológico nacionalista, de inspiração no socialismo nacionalista germânico. A escola reduziu a transmissão de conhecimento ao mínimo: saber ler, escrever e contar. Completava essa base com forte formação cívica para a cidadania, com o objetivo de estimular o vínculo dos indivíduos com a nação, e com os valores morais da religião católica e princípios do estado novo. Pretendia-se com esta escola a formação de um individuo dócil, onde os princípios republicanos desapareciam totalmente, obediente e sacrificável pelo bem da nação.  A educação era diferenciada e separada para rapazes e raparigas. Os rapazes recebiam uma educação orientada para exercer uma profissão; as raparigas para serem donas de casa e mães. A educação não permitia ascensão social. Outro ideal passado pelas célebres lições de Salazar era que no campo é que se estava bem; a cidade é o local de vícios, conflitos e desemprego. A família portuguesa deveria ser poupada, pobre, católica e feliz. O pai deveria assegurar o rendimento da família e a mãe deveria ser boa dona de casa e completar a educação dos filhos.
 
                         

A função de professor no Estado Novo era totalmente desconsiderada, desqualificada e mal paga. Maioritariamente esta profissão acabou por ser assumida por mulheres. Exigia-se que os professores fossem missionários ao serviço da ideologia da nação, com curtos meios materiais no terreno, baixos ordenados e turmas dramaticamente grandes, entre 40 e 80 alunos. A orientação ideológica era conseguida através do jornal Escola Portuguesa, editado entre 1933 e 1975. A orientação ideológica, precisa para cada aula, era fornecida na página deste jornal. Outras orientações complementares eram as lições de Salazar, as comemorações anuais dos momentos históricos selecionados para engradecer a Nação; a grande exposição do Mundo Português em 1940, e outros acontecimentos de similar índole.

As professoras acabaram por ser um problema para o regime. Afinal a educação das raparigas para serem mães e donas de casa, falhava quando exerciam a profissão de professoras. O regime resolveu isso identificando que quem era eficaz para educar os seus filhos também era para educar os filhos dos outros. Geralmente as professoras provinham de meios sociais mais instruídos, que o local para onde eram destacadas, em consequência eram muitas vezes mal aceites nas aldeias.
O regime estabeleceu que a professora deveria: ter espírito de sacrifício; as virtudes de Maria; usar roupas escuras e compridas, cabelos apanhados e não usar pinturas. As professoras solteiras não poderiam conduzir ou serem conduzidas por terceiros em qualquer veículo (com ou sem motor), por isso ser motivo de escândalo nas comunidades. As professoras só poderiam casar com um marido que auferisse rendimento superior ao delas próprias. Era um comportamento imoral, sobretudo das professoras, dar um beijo ou mesmo dar a mão ao namorado.

Todos os desvios da idealidade nacionalista das virtudes do professor, poderiam ser motivo de queixas. O ministério da educação dispunha apenas de 8 inspetores para todo o país para verificar a execução o exercício da profissão de professor. Para ultrapassar essa dificuldade fez sair uma norma onde fazia de cada português, um observador atento da vida do professor, e sempre que acontecessem desvios deveriam ser feitas queixas para o ministério. Em consequência das queixas surgiam os processos disciplinares. Em resultado dos processos resultava o afastamento temporário, a mudança de escola ou afastamento da profissão.

Muitas situações genéricas destas queixas foram dadas, com base num trabalho exaustivo da consulta dos processos instruídos pelo ministério contra os professores entre 1929 e 1955.
Foi uma palestra fantástica, e no final ainda houve disponibilidade para atender a muitas questões que surgiram na audiência.

Ficamos gratos à Dr.ª Paula Pereira, por nos ter proporcionado um momento enriquecedor sobre este período da história.